domingo, 8 de outubro de 2017

A VISÃO ESPÍRITA DA SOCIEDADE



A VISÃO ESPÍRITA DA SOCIEDADE
AYLTON PAIVA - paiva.aylton@terra.com.br
“A vida social está em a Natureza?
Certamente, Deus fez o homem para viver em            sociedade.
Não lhe deu inutilmente a palavra e todas as outras   faculdades necessárias à vida de relação”.   (Questão nº 766 de O Livro dos Espíritos). 1
 O livro dos Espíritos, em sua Parte Terceira, no capítulo VII – Da lei de sociedade informa que a vida social é condição da própria Natureza.
Esclarece e fundamenta porque o ser humano tem que viver em sociedade, apresentando os seguintes conceitos.
Deus criou o homem para viver em sociedade; por isso o homem é dotado dos meios de comunicação.
O homem não é um ser perfeito e completo, portanto ele precisa da união social a fim de que um possa ajudar o outro. Precisando uns dos outros, os homens foram feitos para viver em sociedade e não insulados.
Não se justifica o isolamento do homem, seja por pretenso fim religioso (asceta, ermitão, etc.), seja pelo fim egoístico de usufruir os bens materiais sem aborrecimento de ter que se relacionar com pessoas (residir em uma ilha isolada, por exemplo).
Aqueles que pretendem viver em absoluta reclusão, fugindo do pernicioso contacto com o mundo, advertiram os Espíritos que incorriam com duplo egoísmo.
Toda forma de insulamento que nada produza de bom é considerada   inútil pelo Espiritismo.
Já pudemos afirmar que: “toda pessoa tem compromisso com a sociedade em que vive. Nela deve participar, dando sua contribuição, de acordo com suas possibilidades intelectuais e sentimentais. O espírita, pelo conhecimento que tem da Doutrina Social Espírita, consubstanciada nas Leis Morais de O Livro dos espíritos, tem o dever de participar ativa e conscientemente na sociedade em que vive, agindo para que os princípios expressos em tais leis se efetivem na sociedade humana.” 2.
Há uma forma de insulamento que o Espiritismo admite: os que saem do mundo para se dedicarem ao trabalho de socorrer os necessitados. Aqueles que assim agem, na verdade se elevam em seu progresso espiritual, pois adquirem duplo mérito, superam o egoísmo no gozo material e praticam o bem, obedientes à lei do trabalho.
Nesse aspecto, os Espíritos valorizam duas situações importantes: fazer o bem e obedecer à lei do trabalho.
Conseqüentemente, a omissão e a ociosidade que venham alimentar qualquer tipo de isolamento social, produzirão sempre a inutilidade, o fanatismo ou o egoísmo rotulado de pureza ou santidade.
O homem tem necessidade de progredir, de desenvolver suas potencialidades e isso ele só pode fazer em sociedade e é necessário que a sociedade esteja estruturada a fim de que todos que a compõem tenham tal possibilidade.
O progresso do homem, tanto em seu aspecto da vida material quanto da vida espiritual, é uma imposição do Criador à Vida. Ele necessita relacionar-se com seu semelhante para criar os bens indispensáveis ao seu aprimoramento.
Esse relacionamento social, no entanto, deve ser inspirado pelo amor entre os seres, pela fraternidade que implica no exercício da justiça.
Desses bens necessários ao seu progresso, alguns ele colhe na própria família, outros, porém, ele precisa colher em outras agencias: a religião, a escola, as associações com fins culturais, artísticos, científicos, etc. Então ele poderá satisfazer suas necessidades de ordem econômica, social, cultural e espiritual.                  
Por outro lado, o ser humano, a família, as instituições sociais precisam de paz, justiça e segurança a fim de que todos possam progredir, sem restrições ou discriminações.
Retirando da criatura humana a manifestação do amor em seu relacionamento, resta apenas o egoísmo, inclusive rebaixando a relação sexual ao puro instinto.
O amor faz com que haja a responsabilidade, o cuidado, o carinho e o zelo de uma pessoa para com a outra. A família é o precioso laboratório onde se exercita e se aprimora a sublime manifestação desse sentimento.
Conclui-se, assim, que o homem não é um ser independente. Pelo contrário, ele depende de seu semelhante ao mesmo tempo em que é impulsionado ao progresso; por isso impõe-se-lhe a necessidade de aprender a amar o seu próximo e não explorá-lo física, intelectual e sentimentalmente.
Esse amor deve ser traduzido de forma concreta.
Não apenas dar esmola ao pobre e pedir-lhe paciência, acolher o velho desamparado no asilo, agasalhar a criança órfã ou abandonada, mas agir para que o amai-vos uns aos outros se efetive através do direito que todo ser humano tem de possuir o necessário: alimentação, vestuário, casa, saúde, educação, lazer e desenvolvimento espiritual.
Felizmente esses direitos já  estão assegurados no artigo 203 da Constituição Federativa do Brasil e em  leis complementares.
Referência:
1. KARDEC, Allan. O Livro dos espíritos. Trad. Guillon Ribeiro.93 e.1 imp.(Edição Histórica) Brasília:FEB, 2013.
2. PAIVA, Aylton G.C. Espiritismo e política: contribuição para evolução do ser e da sociedade. 1. Im.Brasília: FEB, 2014, 2014.