A VISÃO ESPÍRITA DA
SOCIEDADE
AYLTON PAIVA - paiva.aylton@terra.com.br
“A vida social está em a Natureza?
Certamente, Deus fez o homem para viver em sociedade.
Não lhe deu inutilmente a palavra e todas as outras faculdades necessárias à vida de relação”. (Questão nº 766 de O Livro dos Espíritos). 1
O livro dos Espíritos, em sua Parte Terceira,
no capítulo VII – Da lei de sociedade informa que a vida social é condição da
própria Natureza.
Esclarece e fundamenta
porque o ser humano tem que viver em sociedade, apresentando os seguintes conceitos.
Deus criou o homem para
viver em sociedade; por isso o homem é dotado dos meios de comunicação.
O homem não é um ser
perfeito e completo, portanto ele precisa da união social a fim de que um possa
ajudar o outro. Precisando uns dos outros, os homens foram feitos para viver em
sociedade e não insulados.
Não se justifica o
isolamento do homem, seja por pretenso fim religioso (asceta, ermitão, etc.),
seja pelo fim egoístico de usufruir os bens materiais sem aborrecimento de ter
que se relacionar com pessoas (residir em uma ilha isolada, por exemplo).
Aqueles que pretendem viver
em absoluta reclusão, fugindo do pernicioso contacto com o mundo, advertiram os
Espíritos que incorriam com duplo egoísmo.
Toda forma de insulamento
que nada produza de bom é considerada inútil pelo Espiritismo.
Já pudemos afirmar que: “toda
pessoa tem compromisso com a sociedade em que vive. Nela deve participar, dando
sua contribuição, de acordo com suas possibilidades intelectuais e
sentimentais. O espírita, pelo conhecimento que tem da Doutrina Social
Espírita, consubstanciada nas Leis Morais de O Livro dos espíritos, tem o dever de participar ativa e
conscientemente na sociedade em que vive, agindo para que os princípios
expressos em tais leis se efetivem na sociedade humana.” 2.
Há uma forma de insulamento
que o Espiritismo admite: os que saem do mundo para se dedicarem ao trabalho de
socorrer os necessitados. Aqueles que assim agem, na verdade se elevam em seu
progresso espiritual, pois adquirem duplo mérito, superam o egoísmo no gozo
material e praticam o bem, obedientes à lei
do trabalho.
Nesse aspecto, os Espíritos
valorizam duas situações importantes: fazer
o bem e obedecer à lei do trabalho.
Conseqüentemente, a omissão
e a ociosidade que venham alimentar qualquer tipo de isolamento social,
produzirão sempre a inutilidade, o fanatismo ou o egoísmo rotulado de pureza ou
santidade.
O homem tem necessidade de
progredir, de desenvolver suas potencialidades e isso ele só pode fazer em
sociedade e é necessário que a sociedade esteja estruturada a fim de que todos
que a compõem tenham tal possibilidade.
O progresso do homem, tanto
em seu aspecto da vida material quanto da vida espiritual, é uma imposição do
Criador à Vida. Ele necessita relacionar-se com seu semelhante para criar os
bens indispensáveis ao seu aprimoramento.
Esse relacionamento social,
no entanto, deve ser inspirado pelo amor entre os seres, pela fraternidade que
implica no exercício da justiça.
Desses bens necessários ao
seu progresso, alguns ele colhe na própria família, outros, porém, ele precisa
colher em outras agencias: a religião, a escola, as associações com fins
culturais, artísticos, científicos, etc. Então ele poderá satisfazer suas
necessidades de ordem econômica, social, cultural e espiritual.
Por outro lado, o ser
humano, a família, as instituições sociais precisam de paz, justiça e segurança
a fim de que todos possam progredir, sem restrições ou discriminações.
Retirando da criatura humana
a manifestação do amor em seu relacionamento, resta apenas o egoísmo, inclusive
rebaixando a relação sexual ao puro instinto.
O amor faz com que haja a
responsabilidade, o cuidado, o carinho e o zelo de uma pessoa para com a outra.
A família é o precioso laboratório onde se exercita e se aprimora a sublime
manifestação desse sentimento.
Conclui-se, assim, que o
homem não é um ser independente. Pelo contrário, ele depende de seu semelhante
ao mesmo tempo em que é impulsionado ao progresso; por isso impõe-se-lhe a
necessidade de aprender a amar o seu próximo e não explorá-lo física,
intelectual e sentimentalmente.
Esse amor deve ser traduzido
de forma concreta.
Não apenas dar esmola ao
pobre e pedir-lhe paciência, acolher o velho desamparado no asilo, agasalhar a
criança órfã ou abandonada, mas agir para
que o amai-vos uns aos outros se efetive através do direito que todo
ser humano tem de possuir o necessário:
alimentação, vestuário, casa, saúde, educação, lazer e desenvolvimento
espiritual.
Felizmente esses direitos já
estão assegurados no artigo 203 da Constituição
Federativa do Brasil e em leis
complementares.
Referência:
1. KARDEC, Allan. O Livro
dos espíritos. Trad. Guillon Ribeiro.93 e.1 imp.(Edição Histórica)
Brasília:FEB, 2013.
2. PAIVA, Aylton G.C.
Espiritismo e política: contribuição para evolução do ser e da sociedade. 1.
Im.Brasília: FEB, 2014, 2014.