sábado, 20 de janeiro de 2018

SILÊNCIO

SILÊNCIO

Artigo de Divaldo Franco ➤ Publicado no jornal A Tarde, coluna Opinião, em 11/01/2018

Num memorável discurso, pronunciado pelo Bispo de Recife e Olinda, Dom Hélder Câmara, em San Michel, em Paris, referiu-se com muita sabedoria e coragem que Mohandas Gandhi costumava dizer que “ele falava pelo povo sofrido do seu querido país. Ele, no entanto, fazia silêncio para que o povo pudesse falar”, expressando suas dores e a lamentável situação de miséria em que vivia.
O silêncio pode representar várias posturas comportamentais das criaturas humanas.
Em determinado momento significa muita coragem para poder suportar situações calamitosas, evitando torná-las piores; noutras situações pode expressar sabedoria para aguardar o momento adequado, quando poderá enunciar conceitos libertadores, falando por aqueles que se encontram amordaçados por impositivos perversos. Invariavelmente, porém, trata-se de postura covarde para não desagradar impostores, governos arbitrários, mantendo anuência com ações infelizes, pensando apenas nos interesses pessoais...
Vivemos, no mundo moderno, momentos muito graves, diante dos quais o silêncio dos justos e dos que pensam transforma-se em covardia moral, porque os seus portadores que poderiam contribuir para uma situação melhor, tendo medo de perder as migalhas vergonhosas ou usufruir do benefício das barganhas degradantes, terminam por minar as resistências dos mais fracos e submetê-los na sua ignorância a mais demorado cativeiro.
Proliferam em toda parte a decadência dos valores éticos, a prosperidade dos astutos e corruptos que desfrutam de cidadania e de popularidade como benfeitores dos humildes e humilhados, as expressões da degradação humana, os espetáculos assustadores da violência, o horror da miséria moral, econômica e social, ante a desfaçatez dos gozadores de ocasião, que os desprezam sem qualquer disfarce.
Homens e mulheres de bem que deveriam contribuir para que a situação se modificasse para melhor, não o fazem, mantêm-se silenciosos.
É comum ouvir-se dizer, repetindo o covarde Pilatos em referências a Jesus no Seu arbitrário julgamento, “que lavam as mãos”, mas não escaparam certamente da consciência ultrajada.
A coragem dos sofredores representa o poder de Deus no imo de cada ser, significando os divinos códigos do amor, da justiça, da solidariedade.
Uma sociedade que se olvida dos seus membros mais fracos, não é digna de subsistir, qual aconteceu com as grandes Nações do passado que edificaram sua glória e grandeza através da sórdida escravidão, da crueldade e dos privilégios de alguns em detrimento dos outros. Cuidado, pois, com o seu silêncio, que pode ser responsável pelo sofrimento de milhões de vidas.
Este é o nosso momento de construir o futuro.
DIVALDO P. FRANCO
Professor, médium e conferencista
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Divaldo Franco escreve no jornal A Tarde - Coluna Opinião - às quintas-feiras (quinzenalmente).

quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

RELIGIÃO E POLÍ´TICA



RELIGIÃO E POLÍTICA
Aylton Paiva – paiva.aylton@terra.com.br

                 É comum as pessoas dizerem que a religião e a política não se combinam.
                Que não se deve discutir política.
                Na primeira afirmação há confusão entre a religião formal e a politicalha e mesmo com a política partidária.
                Na segunda afirmação continua haver confusão e ignorância, pois poucas pessoas, e mesmo poucos espíritas, sabem o significado do termo   política e as suas diferentes categorias.
                O termo política precisa ser convenientemente entendido para que se saiba que, em sua essência, a política não é incombinável com a religião, ou melhor esclarecendo, com a religiosidade.
                Então, nesse emaranhado de desconhecimentos só pode haver mesmo confusão e desentendimento.
                Abordando apenas a religião cristã, em suas múltiplas interpretações, seu fundamento são as palavras de Jesus, narradas pelos evangelistas. A essência desses ensinamentos são: a Justiça e o Amor. Disse Jesus: “Amará o teu próximo com a ti mesmo.” ( Matheus, 22:39) e “ Tratai todos os homens com quereríeis que eles vos tratassem. (Lucas, 6:31).
                 Revelando o amor solidário o Mestre conta a Parábola do Samaritano (Lucas, 10:25).
                Esses mesmos fundamentos norteiam a Política quando a entendemos como: ” A ciência e a arte da administração justa para o Bem comum.”. O que só pode ser feito baseando-se nos valores da justiça e do amor solidário.
                A confusão surge e o repúdio aparece quando, por ignorância, se confunde a Política com a política partidária e com a ” politicalha “.
                A política partidária é instrumento fundamental do processo democrático que, se não é perfeito, é o melhor  na  atual fase do processo sócio político da humanidade.
                Destarte, das agremiações partidárias é que devem sair, pelo exercício do voto livre dos cidadãos, as pessoas que ocuparão os cargos nos poderes Legislativos e Executivos, nos níveis: municipal, estadual e nacional.
                Já a “ politicalha” é o uso indevido dos cargos políticos legais e legítimos por pessoa canalha que quer se beneficiar da política para a satisfação dos seus interesses egoísticos individuais e de grupos. Esta merece sempre a indignação individual e coletiva e os meios legais para anulá-la.
                Não se deve levar, pois, para o ambiente do centro ou do movimento espírita a política no sentido da política partidária  e, menos ainda, da” politicalha”
                No entanto, a Política como ciência e arte da administração justa para o bem comum, já está no conteúdo das Leis Morais, 3ª parte de O livro dos Espíritos, ditado pelos Mentores Espirituais e organizado e sistematizado por Allan Kardec.
                Esse conteúdo referente à administração justa e  amorosa,  expressando a solidariedade está contido nos capítulos:  Da lei do trabalho, Da lei Da lei de reprodução, Da Lei de destruição, Da lei de sociedade, Da lei do progresso, Da lei de igualdade, Da lei de liberdade, Da lei de justiça, de amor e de caridade e Da perfeição moral.
                Portando, esse conteúdo que se relaciona com a Filosofia, com a Sociologia, com a Economia, com a Política, com o Direito, com a  Ecologia e com os ensinamentos de Jesus sobre a  Justiça e o Amor deve merecer o estudo de todos os espíritas e deve ser estudado nos centros , instituições espíritas e em palestras, seminários e congressos espíritas.
                Tal visão da Política os espíritas precisam ter para serem cidadãos conscientes dos direitos e deveres individuais e coletivos e, assim,  terem critérios para avaliação dos candidatos indicados pelos partidos para os cargos  nos Poderes Legislativo e Executivo, no âmbito do Município, do Estado e da União.
                O como todo  cidadão, o espírita deve, portanto, ser consciente da Política.
                Conforme sua vocação ou aptidão poderá participar ou não  da política partidária.
                Todavia, jamais poderá participar da “politicalha”, sob pena de declinar dos seus conceitos éticos e morais.
                “Amará o teu próximo como a ti mesmo.”. Jesus ( Mateus, 22:39).
INSTITUTO ESPÍRITA DE PESQUISA, ESTUDO E AÇÃO SOCIALwww.iepeas.blogspot.com.br